Se fizermos uma analogia em que uma organização é como um organismo, o Planejamento Estratégico seria o cérebro. É ele quem direciona o andamento da empresa, comandando todas os setores, funcionários e recursos em geral. Por mais que a empresa não tenha um PE formal, o ato de delegar ações, bem como tomá-las em prol de algo, desde manter as operações funcionando do jeito que estão até as mais estrambólicas inovações, pode ser caracterizados como um tipo de planejamento.
Infelizmente existem dois extremos muito presentes nas organizações: o amadorismo na sua gestão estratégica e o desnecessário excesso de rebuscamento do PE.
Em suma, por falta de orientação, as empresas acabam com planos muito complexos e que ficam engavetados pois o dia a dia consome toda a atenção do gestor e o mesmo não visualiza aquele produto como algo que irá realmente mudar a sua empresa para algo melhor, assim como a falta de maturidade faz com que as organizações entrem no piloto automático de seus processos e/ou se mantém naquela linearidade para sempre, cheio de potencial latente, e acabam sucumbidas pelos concorrentes e mercado em geral.
Fui então pesquisar sobre os modelos de gestão de Planejamento Estratégico que estão em alta... Me deparei com um número muito escasso, infelizmente. Mas se você procura por fórmulas e artigos para fazer o seu PE, a internet está cheia. Sempre começando pela clássica definição filosófica (missão, visão e valores), seguida por uma orientação de como estabelecer as metas/ações e finalizando com alguma ferramenta de monitoramento e acompanhamento.
Esses artigos e conteúdos são todos ruins? Não! Podem dar certo? Sim! Mas eles não tem nenhum embasamento acadêmico ou mercadológico que dão subsídio e alicerce para você poder implementar na sua tão querida empresa.
Elenquei três metodologias clássicas, testadas e aprovadas, para três situações/porte da sua empresa. O termo "porte" não significa em relação à faturamento, mas sim ao nível de maturidade da sua gestão. O primeiro é um modelo robusto e mais complexo para organizações maduras e com um nível de gestão altíssimo. Processos bem definidos, departamento especializado e histórico de implementação de PEs por vários anos. Outro que fica em um patamar intermediário, pois pode ser aplicado em um formato mais complexo como também em um formato "pocket" para organizações mais simples. E, por fim, um modelo de PE para startups, ou seja, bem enxuto e direto.
Criado por Kaplan e Norton, a metodologia visa trazer um modelo robusto e moderno de planejamento estratégico que, em resumo, leva em consideração fatores financeiros e não-financeiros para apurar os resultados da organização, bem como para nortear as ações e metas das organizações.
Ele é dividido em quatro perspectivas: Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento. Em sua metodologia, são ensinados como elaborar as definições filosóficas, traçar metas, desdobrá-las, desenvolver planos de ação, monitorar os resultados e em suma, todo o processo do seu PE. Existem formas de se aplicarem partes dessa metodologia, tornando-a simples, entretanto pode comprometer o seu potencial. É um modelo completo e indicado para organizações maduras.
Utilizado anteriormente sem uma definição clara, este agora é aclamado como um dos modelos de PE mais utilizado pelas organizações. Alexander Osterwalder o desenvolveu formalmente na sua tese de doutorado, de maneira colaborativa e com conceitos de Design Thinking. O modelo propõe, através de um quadro, a gestão da organização em nove áreas fundamentais, sempre buscando o desenvolvimento da estratégia de maneira visual, colaborativa, simplificada e com um de seus principais fundamentos, a Inovação. As áreas são: Segmentos de Clientes, Proposições de Valor, Canais, Relacionamento com Clientes, Fontes de Receita, Recursos-Chave, Atividades-Chave, Parcerias-Chave e Estrutura de Custos.
O modelo é muito utilizado por startups e empresas de porte menor, entretanto, seu caráter criativo, disruptivo e principalmente, visual, confere a ele o título de "mais pedido" dos dias atuais, sendo utilizado inclusive, por pessoas em projetos e planejamentos pessoais.
Por fim, temos o mais direto, simples e dinâmico modelo de PE. O OKR é originalmente desenvolvido para empresas digitais, começando na Intel e depois dando suporte para o crescimento de empresas como Google e Amazon. A metodologia se baseia em definir um objetivo, sendo este bem idealista, sem definições precisas, mas sendo um desejo ou sonho. Eles precisam ser objetivos de curto prazo, com revisões mensais, por exemplo. Suas conquistas devem ser comemoradas e o engajamento de toda equipe é fundamental.
Mas para você atingir esse sonho, você precisa formas de mensuração. Elas são a outra metade da metodologia, que visa definir como você irá medir seu objetivo. Aí entram aspectos mais numéricos e definidos. A metodologia é bem simples sim, mas quando aplicada em sua essência, ela demanda dedicação e empenho. John Doerr definiu de maneira bastante direta, como deve ser feito o planejamento, ficando assim: Eu vou (Objetivo) medido por (esse conjunto de Key Results).
Sinalizei aspectos bem gerais da metodologia, visando mais que você compreenda em qual dos estágios de gestão sua empresa se encontra e, por consequência, descobrir o melhor modelo para você. Em seguida, você deve ir pesquisar e se aprofundar no conceito para depois implementá-lo!