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Como abandonar o organograma pode levar sua empresa mais longe e deixar seus funcionários mais felizes

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Na hora de definir os papéis e as hierarquias de uma empresa, normalmente os empreendedores usam organogramas. No entanto, no mundo de hoje, nem sempre as pessoas fazem apenas o que está na descrição dos seus cargos. Além disso, já há negócios que apostam em outras estruturas organizacionais.

Uma dessas alternativas é a holacracia, em que os colaboradores de uma empresa desenvolvem diversos papéis e podem atuar em diversos grupos. A liderança, em vez de concentrada em uma única pessoa, é mais distribuída.

Nesta quinta-feira (5/9), essa estrutura organizacional alternativa foi um dos assuntos discutidos no Encontro Nacional das Empresas Juniores (ENEJ), evento que está sendo realizado em Gramado (RS). Eduardo Araujo, sócio da Target Teal, uma consultoria especializada em cultura organizacional, deu mais detalhes sobre a holacracia e mostrou razões para empreendedores a adotarem em seus negócios.

Segundo Araujo, a organização tradicional da empresa é incompatível com o mundo em que vivemos. Especialistas em inovação costumam usar o acrônimo VUCA para sintetizar esse momento. Cada letra da expressão corresponde à inicial, em inglês, de características do mundo atual: volátil, incerto, complexo e ambíguo.

O mundo corporativo, vale dizer, nunca foi simples, mas ficou mais complexo com o passar dos anos. Para exemplificar as mudanças, Araujo fez uma analogia que, em um primeiro momento, pode não fazer sentido, mas que mostra claramente o que vivemos hoje: ele comparou um motor de uma Lamborghini a uma tempestade.

"Se o motor der problema, você pode contar com um especialista para entender o que está acontecendo e propor uma solução. Já uma tempestade é imprevisível. Especialistas até têm um resultado aproximado do que vai acontecer, mas entregam apenas tendências que podem não corresponder às realidade. É exatamente isso que estamos vivendo."

Os organogramas tradicionais, segundo o sócio da Target Teal, eram o suficiente para “consertar a Lamborghini”, mas não para “enfrentar a tempestade”. Um sinal dessa incompatibilidade é uma pesquisa da Gallup, que mostra que 87% dos trabalhadores estão desengajados com o trabalho. “As empresas tradicionais são baseadas em uma liderança centralizadora, que nem sempre agrada as pessoas. Além disso, usa a coação e a necessidade dos colaboradores pelo salário para fazê-los tomar decisões que não concordam, o que gera infelicidade.”

De acordo com o empreendedor e especialista, há funcionários que não se adaptam às estruturas antigas e acabam prejudicados. “As empresas culpabilizam a pessoa em vez do sistema de trabalho em que estão inseridas. Essas estruturas precisam ser repensadas.”

A holacracia é, segundo Araujo, uma forma de engajar os colaboradores e mantê-los satisfeitos, bem como trazer resultados mais satisfatórios para a empresa. Essa nova forma de estruturar a empresa se baseia em três grandes pilares: autogestão, agilidade e cultura. “Nesse novo design organizacional, há times autônomos e responsáveis pelo seu próprio trabalho, formas mais colaborativas e rápidas de organizar o trabalho e coerência entre o que as pessoas falam e o que elas fazem na empresa", disse.

Ele propõe que, em vez de um organograma em forma de pirâmide, com os gestores acima e os comandados na base, a estrutura da empresa tenha diversos times, responsáveis pela resolução de diversos desafios. Neles, não há uma hierarquia definida e a gestão dos projetos é mais horizontal. “Além disso, cada pessoa pode ter diferentes papéis e participar de vários times. Afinal, uma pessoa do marketing pode adorar o trabalho do financeiro e também ajudar esse departamento, por exemplo. Em vez dos cargos estáticos de outros tempos, os colaboradores adotam papéis adaptáveis”, afirmou Araujo.

Os próprios times, aliás, não são imutáveis. Podem ser fundidos ou excluídos, bem como outros podem ser criados, de acordo com as necessidades do negócio. “Eles devem ser adaptados para responder melhor ao mercado.”

A Target Teal não revela seu faturamento, mas tem trabalhos para empresas como Nubank, LinkedIn, Globosat, Raízen e Riot Games em seu portfólio. “Boa parte dessas empresas ainda não aposta na autogestão, mas já está experimentando uma estrutura organizacional diferente, porque sabem que a mudança pode ser importante no futuro”, afirmou Araujo.