O primeiro balanço feito pelo Sebrae mostra que, em pouco mais de um mês, já foram abertas 25 Empresas Simples de Crédito (ESC), sendo que São Paulo lidera o ranking com quase a metade do total. A lei que criou a ESC, sancionada no último dia 24 de abril, foi uma ação coordenada pela Frente Parlamentar Mista das MPEs, com o apoio do Sebrae, e deve injetar cerca de R$ 20 bilhões por ano nos pequenos negócios. As primeiras empresas totalizaram um capital de R$ 11,8 milhões e a expectativa é de que, até o final deste ano, 300 ESC já estejam em funcionamento em todo o país.
Das 25 Empresas Simples de Crédito abertas desde a promulgação da lei, 12 estão em São Paulo, onde também ocorreu a primeira operação de crédito. Em seguida vem o Paraná e Minas Gerais, com três ESC por estado, o Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul com duas, e o Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás - com uma cada. O capital de cada ESC gira em torno de R$ 500 mil. “A meta é chegarmos a 1.000 empresas até 2021 e esperamos alcançar pelo menos 300 ainda este ano”, afirma Alexandre Guerra, analista da Unidade de Finanças do Sebrae.
As unidades do Sebrae em todo o país estão orientando tanto os empresários interessados em abrir uma ESC, como os micro e pequenos empreendedores em busca de crédito. Segundo o analista Hugo Cardoso, os donos de pequenos negócios recebem três tipos de direcionamento: preparo para obter o empréstimo, gestão financeira e o acesso ao crédito. “Nós explicamos como a pessoa deve conduzir o processo para o financiamento, além de mostrar como deverá gerir o negócio e avaliar se realmente existe a necessidade do crédito”, observa Hugo Cardoso. O trabalho vem sendo feito pelas unidades do Sebrae Nacional e dos estados junto com a Universidade Corporativa da instituição.
O advogado tributarista Rubens Branco Silva foi a primeira pessoa a abrir uma Empresa Simples de Crédito em todo o estado do Rio de Janeiro, há três semanas, e tem sido procurado constantemente por micro e pequenos empreendedores em busca de empréstimo. “A ESC realmente veio democratizar o crédito no país, pois os pequenos negócios não têm acesso a ele”, observa o advogado. “Se você tem dinheiro e pode aplicar, é mais negócio aplicar no empreendedorismo e garantir a geração de mais empregos”, ressalta Rubens. Ele ainda não sabe qual a taxa de juros irá aplicar, mas acredita que vai acompanhar o que o mercado definir, que pode ser a metade do que é cobrado pelos bancos.
Conforme dados do Banco Central, os pequenos negócios receberam em 2018, R$ 208 milhões em concessão de crédito, menos 18% do total repassado para micro e pequenos empreendedores, que hoje representam 95% do total das empresas do país. A tarifação das MPE é de quase 45% ao ano, enquanto a média praticada para todo o conjunto de corporações é de 20,9%. Pesquisa realizada pelo Sebrae no ano passado mostrou que para 51% dos empresários do segmento, a redução dos juros seria a principal medida para melhor a tomada de crédito, o que deve ocorrer com a criação da ESC.