Surpreendendo as expectativas do mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,4% no segundo trimestre do ano, em relação aos primeiros três meses do ano, livre de efeitos sazonais, conforme divulgado nesta quinta-feira (29/08) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Economia e Estatística).
Porém, apesar de positivo, o resultado não indica necessariamente um aumento de tração da recuperação da atividade econômica: pelo menos em parte, a justificativa é a base de comparação deprimida do ano passado, conforme avaliam os economistas do Instituto Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Em relação a igual período do ano passado, houve uma expansão do PIB de 1,0%, enquanto durante o primeiro semestre foi de 0,7%. No acumulado dos últimos quatro trimestres também houve crescimento de 1,0%, mantendo o desempenho praticamente estável desde os últimos quatro meses de 2018.
Quanto ao indicador de demanda, o consumo das famílias, seu principal componente, cresceu 1,6% no segundo trimestre, ligeiramente acima do registrado na leitura anterior. O desempenho também foi influenciado pela base fraca de comparação, mas explicado pelas maiores aquisições de veículos e imóveis, impulsionadas pelas maiores concessões de crédito.
No caso dos investimentos produtivos (formação bruta de capital fixo), houve surpreendente expansão de 5,2%, explicada pelo forte crescimento das importações de máquinas e equipamentos e da construção civil - o que refletiria a recuperação da confiança do empresário com o avanço das reformas estruturais.
Por sua vez, o consumo do governo, que corresponde basicamente às despesas com servidores nas três esferas governamentais, apresentou queda de 0,7%, refletindo as grandes dificuldades financeiras sofrida pela administração pública.
As exportações seguiram crescendo de forma menos intensa (1,8%), devido à desaceleração da economia mundial e à crise argentina. A contribuição do setor externo à despesa total do País passou a ser negativa, pois, durante o mesmo período, se registrou forte expansão das importações (4,7%), principalmente em máquinas e equipamentos.
Pelo lado da oferta, na mesma base de comparação, houve leve aumento da atividade industrial (0,3%), explicada tanto pelo mesmo efeito estatístico anterior, como também pela recuperação das áreas de óleo e gás e construção civil, que compensaram a queda na atividade extrativa, que continua a sofrer os efeitos negativos do rompimento da barragem de Brumadinho (MG).
A produção agropecuária apresentou crescimento (0,4%) também pelos mesmos motivos do PIB, e pelo excelente desempenho da “safrinha” de milho, que reflete os ganhos de produtividade do setor.
Por sua vez, o setor de serviços, principal segmento produtivo, apresentou a mesma taxa de expansão do primeiro trimestre (1,2%), puxada principalmente pelo comércio, que também se beneficiou pela menor base de comparação do ano passado.
De modo geral, apesar dos efeitos positivos esperados a partir da liberação do FGTS e PIS/PASEP sobre o PIB dos próximos trimestres, seu desempenho continua apontando para uma alta anual próxima a 1,0%, concluem os economistas da ACSP.